A moeda de euro
No primeiro dia do segundo ano do actual século, o Escudo começou a partilhar a sua existência como moeda de pagamento em Portugal com o novo Euro.
Portugal iniciava assim a sua transição para a nova moeda.
Hoje vão longe as memórias desses tempos, que no caso da minha geração (’88) consiste maioritariamente de comprar um sumo e um chocolate na cafetaria da escola por 100 escudos.
Segundo os criadores da ideia, o Euro promove uma integração dos seus Estados-membros a nível Europeu ainda mais profunda. Na prática, um viajante pode ir de Lisboa até Viena sem nunca ter que apresentar o seu passaporte nem trocar o seu dinheiro.
A nova moeda trouxe imensa curiosidade (juntamente com uma inflação galopante), devido à diversidade da sua face nacional, que varia de país para país, enquanto a face comum, a que apresenta o valor, é igual para todos os países.
A febre de quem conseguisse reunir moedas de todos os países aderentes tinha começado.
No entanto, 19 anos depois da sua introdução, já quase ninguém se pergunta de que país vêm as moedas que tilintam na nossa carteira. A Águia da Federação Alemã, a Harpa Celta ou o Rei de Espanha (tanto o novo como o antigo), são apenas alguns exemplos desta diversidade numismática.
As mais bonitas, sem dúvida nenhuma (*cof cof*), são as Portuguesas. Por vezes descritas como “rosáceas”, os padrões que constam da face nacional das moedas de Euro cunhadas em Portugal podem ser mais antigos que o próprio país.
Dom Afonso Henriques, conhecido como “O Fundador” ou “O Conquistador”, dispensará apresentações. Primeiro Rei de Portugal, general que conquistou metade do actual território Português, protagonizou um dos mais longos e frutuosos reinados da nossa História. Dizem as más-línguas que recuperou milagrosamente duma doença debilitante das pernas depois e passar um ano num mosteiro. (Sugerimos falar com os nossos guias sobre esta e muitas outras histórias.) Quando emitia decretos e assinava documentos oficiais, era necessário autenticar a sua proveniência. No séc. XII, esta autenticação era feita pelo timbrar dum selo real no documento (necessário, pois acredita-se que, tal como qualquer cidadão comum, D. Afonso Henriques terá perdido os seus códigos do Cartão de Cidadão).
Apesar de relatarmos aqui a informação que consta no site oficial da Imprensa Nacional Casa da Moeda, deve ser notado que, segundo fontes académicas, não existe nenhum documento que preserve, de forma fidedigna, o selo original do rei fundador.
O selo real de D. Afonso Henriques, desenhados pelo escultor Vítor Santos, aparece em todas as moedas de Euro cunhadas em Portugal: o selo de 1134 nas moedas de 1, 2 e 5 cêntimos; o de 1142 nas moedas de 10, 20 e 50 cêntimos; o selo de 1144 nas moedas de 1 e 2 euros.
Apesar de valerem todas o mesmo, estas são as nossas moedas favoritas! E a vossa?
Pedro Fiel